quarta-feira, 4 de abril de 2018

AVE DE ABRIL


O céu era cinzento,
opaco,
cor de chumbo
e nem uma aragem bulia
entre a ramagem bravia
onde um pássaro 
tonto se quedava,
de olhar perdido
na melancolia parda
daquele Março em agonia,
que o Inverno
teimoso, acompanhava.
A minha mente
lenta, como o tempo, sente 
calada a esperança
nela adormecida.
E, incapaz de falar, lembra
com olhar dolente
àquele pássaro 
tonto, inocente
que Abril está perto.
O sol raiará,
haverá luz,
flores e ar.
Poderá chilrear,
acasalar,
reproduzir-se, viver, 
emitir os sons
que ele quiser,
quando Abril vier.

Helena Marcão........1975

Sem comentários:

Enviar um comentário