Que saudades
sinto, quando me lembro dos quintais e fazendas que existiam por trás da minha
casa que se situava na rua de S. Vicente, em Peniche de Cima. Quando soprava o
vento Norte ouvia o barulho do mar. As canas que faziam corrente de proteção
entre fazendas, balbuciavam energicamente ao sabor do vento. Na cozinha ouvia,
junto à porta e na chaminé, o vento, e este barulho era mágico. Durante o dia
passeava-me por uma das fazendas que pertencia a uma tia do meu pai. Esta
fazenda era detentora de muitas árvores de fruta; Pereiras, Nespereiras e uma Figueira
que frutificava uns figos muito doces. Cheguei a passar mal por comer tantos.
A tia do meu
pai tinha ainda, semeadas, batatas, cenouras, couves e todo o tipo legumes.
Fazia ainda, criação de galinhas e coelhos.
Tantas
brincadeiras, tantos sonhos, coisas tão simples que me fazem sentir saudades
até do barulho daquele vento que ouvia na cozinha quando jantava, numa normal
noite de Inverno.
Paulo Gonçalves
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