sábado, 22 de janeiro de 2011

INGRATIDÃO

"Ventos de Poesia"

De canastra à cabeça
Longa e dolorosa caminhada.
Filhos e trabalho em primeiro lugar.
Sacrifício permanente para nada faltar.

Força e vontade de vencer
Vida humilde e desregrada
Não baixou os braços, mesmo cansada.
Na hora da refeição, travessa partilhada.
Muito melhor, menos loiça lavada.

Os filhos, sua cegueira,
Amor sem fim para dar
Um punhal atravessado na alma,
Quando o retorno teimou em chegar.

A solidão rondou o seu caminho.
Seus netos fizeram o sol raiar.
Em abandono viveu.
Depois de tanto trabalhar.

Num repente, uma ânsia de mudar.
Os seus sonhos entregou, para a maresia levar.
Naquela praia sozinha,
Estava cansada de batalhar.
Naquela praia sozinha,
Já não precisava de lutar!

Em memória de uma grande mulher.   
Que as famílias  se unam nos momentos de dor, e que a dor da perda de alguém, as fortaleça.


Paulo Gonçalves

5 comentários:

  1. Que bela e sentida homenagem que acabaste de fazer a esta familia devastada pela morte. Vale a pena reler neste momento sofrido.

    ResponderEliminar
  2. Este é um momento de dor na tua familia.

    ResponderEliminar
  3. É preciso muita força neste momento de dor!

    ResponderEliminar
  4. Este momento dá mais sentido a este poema.

    ResponderEliminar
  5. Agora dói ler este poema!
    Está lindo e vale a pena!
    Choro!

    ResponderEliminar