quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

LIÇÃO DE VIDA (2ª PARTE)

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"Mágica Maresia"
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Era um cão, com uma corda comprida presa no pescoço que, supostamente, teria fugido do cativeiro onde se encontrava. Este ter-se-ia enrolado num arvoredo (Tudo se repetia, o animal estava dependente da prisão que a liberdade lhe tirava), Tremia; enroscava-se; deitava-se; levantava-se; e latia. Viu que era uma cadela, por ter em sua companhia, um filhote recém-nascido, que esta carinhosamente lambia, como se lhe desse alento, e segredasse, estar ali na sua frente a salvação, que até então lhes tinha fugido. Perante tal visão, olhou em seu redor, em busca de auxílio. Não havia ninguém...Sentiu um arrepio! Era arriscado, podia ataca-lo! E se não o fizesse?! Ambos iam sucumbir de fome e de frio. Esta soltou um chiar ofegante, e olhou-o, com olhar lânguido.
Aqui o João caiu por terra, com os olhos rasos de água e o coração partido.
Desprendeu a cadela! Esta pegou o filhote com a boca, fugiu entre os arbustos como se fosse louca. Foi então que ele respirou de alívio!
Chegou a casa e contou o sucedido, com grande emoção. O pai disse-lhe que era um valente e que se sentia muito orgulhoso. A mãe disse-lhe que tinha praticado uma boa acção. As palavras proferidas pelos pais foram para ele uma afirmação. Este sentiu-se como se tivesse crescido. Ou melhor! Como se mil presentes tivesse recebido.

Decorridos alguns meses e num dia de Verão, foi dar uma volta perto do rio Na berma do caminho num deslize de terra a bicicleta caiu, e ambos foram sacudidos para o seu leito A corrente era forte e por ela foi arrastado. Quis Deus que se tenha cruzado com mato, na sua margem que o impediu de morrer afogado. Agarrou-se a tudo o que o podia, para se por a salvo. Encontrou Silveiras que lhe deixaram o corpo rasgado. Olhou o seu corpo ensanguentado e lembrou-se de Jesus Cristo. Rezou uma oração e pediu ajuda às suas Chagas com grande devoção.
O tempo urgia, e a noite estava eminente. Teve medo! Apenas se ouvia a corrente da água! Estava à mercê dos animais ferozes que na noite vagueavam com fome e sede. Os olhos queriam fechar-se. Mas não podia adormecer! Tinha de manter a fé! Teve um pressentimento, que algo de bom ia acontecer. De repente, sentiu uma presença e ouviu chiar. O que escutou não era estranho aos seus ouvidos. Era a cadela que à meses atrás, para sua sorte, tinha salvo da morte! Esta puxou-o pela roupa, e num grito de dor perdeu os sentidos.
Depois de tratado, contou aos pais, não estar recordado, por na sua memória se ter apagado, quem mais o ajudou. Tudo veio a culminar num mistério! Todos murmuraram, que foi a cadela e a mão de Deus que o salvou!
Mais tarde viu a cadela, abraçou-se a ela e chorou de gratidão.
- Companheira, estamos empatados! – Disse o João – A vida dá-nos lições nos momentos menos esperados!
Decidiu chamar-lhe Valente. A razão que encontrou para lhe dar este nome, não foi mero acaso. Mas, a mesma do pai, ao chamar-lhe valente. Ao saber que ele, a cadela tinha salvo.
O João perdeu a bicicleta, mas não foi em vão. Ganhou um novo amigo que testemunhou a sua fé naquelas horas de perigo. Esta sustentou-o de alento que lhe manteve o coração vivo. Doravante, juntos iriam, em romagem e alegria em busca de novas paisagens na encosta da Serra.

Raízes M/Peniche

29 comentários:

  1. O meu Marão é lindo.Fonte de inspiração para os poetas.Fantástico!

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  2. "Raízes" é sinónimo de belos trabalhos.
    Continue nesta linha.O sucesso é evidente.
    LINDO!!!

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  3. António Alves11/02/10, 18:40

    Um conto, uma vivencia, um transporte a uma terra quase mágica. Grandes momentos vividos nesta “Mágica Maresia” mesmo mágica.

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  4. Sem dúvida mais um conto puramente espectacular e bem escrito. A história é em tudo semelhante a muitas histórias infantis. Está revelada mais uma vez muita inteligência.

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  5. Adorei o final. Foi surpreendente.

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  6. Ter intuição aprumada, é característica, que me dizem que tenho. De facto já calculava a mão de Deus pelo conto. Também não seria difícil num Blogue com um carisma cristão, tal como este tem. Está muito bem escrito, imaginado e vai ao encontro da qualidade que se pretende num Blogue com B grande como este. Entrei num local que me envolveu, a história acercou-se de mim, o que significa que o objectivo de leitura foi mais que atinjido. Uma palavra final para o amor. Amor com que foi feito. Amor reconhecido na história.

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  7. Eu estava em pulgas para ler o fim. Foi muito bonito.

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  8. Estáva com um feeling que seria algo de bom e foi. Parabéns.
    Estou com receio de apanhar pulga, o Sr. Antunes está por aqui e queixa-se muito. Coitado! Deve ter cá umas comichões.

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  9. Marão é Marão.

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  10. Está mesmo muito bonito. A serra... tudo...

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  11. Mais um "Texto". E que texto!
    Muito bem interpretado. PARABENS ao autor "Raízes!

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  12. Um texto magnifico.

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  13. Muito bonito. Gostei imenso!

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  14. Eu tambem sei fazer um contos não são só vocês...

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  15. Épa eu só sei que tenho gostados de todos os contos. São uns artistas.

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  16. Confirma-se o que disse na primeira parte.

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  17. Só sei que com esta estratégia estão a conseguir estar sempre bem classificados. Parabéns a quem faz isto tudo desta forma.

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  18. Ambrosia Faustina12/02/10, 19:39

    Gostei muito do final.

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  19. Sim senhor musica adequada e que fala de Nosso Senhor.
    É Carnaval e o conto está lindo.

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  20. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  21. A inveja é como uma peça de fruto numa fruteira.
    Revela mediocridade!

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  22. A inveja é como uma peça de fruta podre numa fruteira. Revela mediocridade!

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  23. Muito bonito. Fui tranportado ao Marão, que deve de estar cheio de neve. Parabéns!

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  24. Susana Alves13/02/10, 13:40

    Valeu a pena esperar. Um grande conto.

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  25. Gostei muito do final.

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  26. Conceição Simões13/02/10, 20:15

    Um desfecho digno da grandeza do conto,.

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  27. São umas bandidas.
    To toda assada

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  28. Muto bom!Quando comecei a ler o conto vi logo que iria ser magnifico.

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