Sou o relógio embutido,
na torre da igreja,
da Santa Casa da Misericórdia.
Remonto três séculos passados.
Rodei os ponteiros e li o tempo.
Fui um ícone na História.
O relojoeiro que me concebeu,
dotou-me de um carrilhão.
Toquei de quarto em quarto de hora
e na diferente hora.
Trabalhei com precisão!
Nesse tempo, eu era outro...
Já não sou aquilo que era!
Chamei a culto, os fiéis a Deus
e na saída das procissões.
Registei horas a nascidos e finados.
Dei horas de angústia e felicidade.
Contei horas para monarcas
e outros brasões do passado.
Toquei nas rebeliões.
Vivi glórias e derrotas,
das quais já não há memória!
Os tempos são outros...
Já não são aqueles que eram!
Vim do passado, sempre rodando.
Pelo Homem, fui traído.
O meu coração foi trocado, sem dó ou piedade,
por outro... A electricidade movido.
Dou um toque ao quarto de hora.
Aumento um até chegar a hora.
E quatro toques na hora civil.
Trabalho das oito horas às
Vinte e duas.
Das vinte e duas às oito,
no silêncio sou confundido,
com um relógio senil!
As gentes são outras...
Já não são aquelas que eram!
Raízes M/Peniche
na torre da igreja,
da Santa Casa da Misericórdia.
Remonto três séculos passados.
Rodei os ponteiros e li o tempo.
Fui um ícone na História.
O relojoeiro que me concebeu,
dotou-me de um carrilhão.
Toquei de quarto em quarto de hora
e na diferente hora.
Trabalhei com precisão!
Nesse tempo, eu era outro...
Já não sou aquilo que era!
Chamei a culto, os fiéis a Deus
e na saída das procissões.
Registei horas a nascidos e finados.
Dei horas de angústia e felicidade.
Contei horas para monarcas
e outros brasões do passado.
Toquei nas rebeliões.
Vivi glórias e derrotas,
das quais já não há memória!
Os tempos são outros...
Já não são aqueles que eram!
Vim do passado, sempre rodando.
Pelo Homem, fui traído.
O meu coração foi trocado, sem dó ou piedade,
por outro... A electricidade movido.
Dou um toque ao quarto de hora.
Aumento um até chegar a hora.
E quatro toques na hora civil.
Trabalho das oito horas às
Vinte e duas.
Das vinte e duas às oito,
no silêncio sou confundido,
com um relógio senil!
As gentes são outras...
Já não são aquelas que eram!
Raízes M/Peniche
As recordações de tempos áureos são angustiantes. Temos saudade do passado e dos típicos monumentos e suas formas de comunicar e anunciar a sua presença. Este relógio está como tantos outros. Tal como os velhos moinhos esquecidos. Que site esplêndido que nos eleva a alma!
ResponderEliminarEis mais uma preciosidade.
ResponderEliminarEis um texto com cabeça e inteligência. O autor/a colocou-se muito bem na “pessoa” do relógio. Ao personificar um relógio magoado e entristecido manifesta antagonismo ao egoísmo das pessoas e às suas mesquinhices constantes. O que tem valor perde valor e o que não presta sobe nas cotações pessoais.
ResponderEliminarSaudoso relógio! Saudoso!
ResponderEliminarSim senhor que bela lembrança!
ResponderEliminarQuantos relógios estão assim, e as velhas igrejas, moinhos, monumentos? Tudo. O homem parece de consumo rápido e de novidades. Basta o que é efémero e o que se traduz no maior ateísmo. Os sentimentos não prevalecem e os princípios ficaram atrás escondidos. Este relógio está claramente a demonstrar a ingratidão humana face ao que nos deixa história, quer em momentos quer em valor patrimonial. Hoje tudo incomoda, se possível até um Ave-Maria em melodia de hora. Talvez sejam melhores os sons estridentes das músicas electrónicas e cheias de vazio que temos a grata pachorra de escutar. Parabéns pela chicotada!
ResponderEliminarAdoro os sons do relógio. Ponham estes sons 24 horas por dia. Não me incomoda nada.
ResponderEliminarGosto muito das coisas deste Blogue. Já tem um fio condutor e sabemos que gostamos, mal começamos a ler. Parabéns!
ResponderEliminarSem dúvida imperdível. Uma composição brilhante e apaixonante até.
ResponderEliminarAs coisas boas das nossas vidas perdem a piada quando se tentam mexer em favor do conforto humano. A tradição já não é o que era. Parabéns pela defesa de valores e tradiçãoe sempre tão bem expressas neste Blogue que é um autêntico tesouro!
Estou de acordo com a minha eterna companheira de comentários neste Blogue. Sempre que surge algo de novo lá nos vamos comunicando. Sendo que neste momento este é o nosso Blogue de eleição, porque recentemente não surgiu nada de novo e tão bom na internet.
ResponderEliminarEste é mais um muito do meu agrado porque toca na ferida das mesquinhices. De facto, hoje o povo é outro. Valorizamos outras coisas, mas é muito saudável estas coisas virem a lume e serem debatidas com ampla liberdade como acontece aqui. Valeu a pena.
É terrível termos que reparar nestes pormenores. De facto muito se perde e muito se modifica e depois temos muitas saudades pois tudo o que se mexeu perdeu a graça e a sua originalidade. Não temos gosto e em prol do conforto perdemos o essencial. Até Cristo perdemos de vista e depois acontece o sucesso que este Blogue tem porque se recorda e fala de coisas que se foram perdendo. Tal como os dias de…
ResponderEliminarEste é um belo texto. Parabéns ao autor/a.
Gostei pela lembrança. Eu preciso de dormir, mas penso que o relógio não me impediria de o fazer, mesmo porque na minha terra existe um que toca de meia em meia hora. Já me abituei. Acho que já estranharia se não o ouvisse.
ResponderEliminarLivros! Livros! Livros!
ResponderEliminarQuantos e bons não seriam escritos se as editoras não estivessem neste momento tão fechadas.
Crise! Crise! Crise!
Esta é, tristemente, a palavra de ordem.
Continuem. Mostrem. Esta é a maneira de valorizar o vosso talento. E que talento!
É uma emoção passear por este Blogue. A sondagem já votada por mim. Sim evangelizador e muito. Olhem para estes poemas, textos e esta musica tão linda. Sim sou cristã e De colores diz-me tanto e muito. Chorei ao abrir este Blogue cerca das 14 horas e até agora que são 19.45 ainda não parei de viajar por ele. Já o adicionei. Já fez um ano e só hoje o descobri. É lindo! Lindo! Lindo! Força! Muita força desta é preciso para tornar a humanidade bem melhor e faze-la com as palavras abrir o coração a Cristo e Maria que nos conduz até ele. PARABÉNS!!!!
ResponderEliminarQue surpresa abrir e ouvir esta música De Colores e depois descobrir páginas e páginas de pura alegria cristã. Vida em amor e Deus!
ResponderEliminarBelissimo
ResponderEliminarBendito carrilhão que não carrilhas mais.
ResponderEliminarAfinfa-lhes. Povo retrogrado.
ResponderEliminarA tradição já não é o que era.
ResponderEliminarEstá soberbo. Um poema a Peniche e todo o portugal.
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