Capitulo 1
Lembro-me que na minha infância não gostava nada quando os meus pais me mandavam ir à mercearia. Quando faltava o vinagre, azeite ou até mesmo o sal, lá ia eu contrariado interrogando-me porque se esqueciam tanto de coisas que a meu ver eram imprescindíveis. Mas não posso esquecer os aromas e a forma tão artesanal de atendimento ao cliente.
Tenho na memória o cheiro intenso a café que se sentia no ar mal se entrava na mercearia da Dona Sabina. Tenho saudades de ir buscar bolacha “Maria” e “Línguas de Gato”, que estavam expostas naqueles móveis antigos com um vidro que permitia ver o seu interior e que eram cuidadosamente colocadas num saco cartuxo com uma tenaz e pesadas à grama naquela típica balança.
Lembro também os frascos de vidro, colocados em cima do balcão com rebuçados “Noivos”, pastilhas “Pirata” e bombons da “Regina”, tenho saudades destes sabores, tenho saudades deste tempo em que era um menino sonhador e de vivência intensa, sem preocupações e ainda por cima nem me apercebia o quanto era feliz, o quanto me formava como pessoa e quantas saudades iria sentir deste tempo.
Paulo Gonçalves
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